sábado, 12 de abril de 2014

Maria Cesária - Fadista de Alcântara

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A Cesária - Fadista do Século XIX :

 MARIA CESÁRIA, figura mítica do Fado oitocentista, ignora-se a data de nascimento e morte da cantadeira, e mesmo o seu nome de baptismo completo, apenas se sabendo que seria efectivamente Maria.
Residente no bairro de Alcântara ali trabalha­va numa fábrica como engomadeira. Inicialmente companheira de um fadista local, terá acabado por" o trocar por José Cesário Sales, canteiro, ho­mem de algumas posses e talento na sua profissão, filho de Francisco Sales, proprietário de uma im­portante oficina de cantaria em Lisboa. Desta li­gação terá resultado o Maria do Cesário e daí Ma­ria Cesária. Ficando igualmente conhecida como Mulher de Alcântara.
Tão famosa quanto Maria Severa, proferia as palavras com receio e trajava de modo simples,  re­cusando ousadias e vestes originais. Era normal­mente acompanhada pelo guitarrista Carreira.
Se­gundo as crónicas, a qualidade da sua voz era equiparável à qualidade da sua memória, dando Tinop notícia de inúmeros desafios em que terá participado, nomeadamente com uma rival sua, Luzia a Cigana, alguns dos quais durariam dois e três dias de Fados e comezainas.
Terá sido bastante famosa nas décadas de 60 e 70 do século XIX, tendo o guitarrista Ambró­sio Fernandes Maia composto um Fado que lhe dedicou, o Fado da Cesária ou Fado de Alcântara.
Cesária foi a figura central da opereta com o mesmo nome, escrita por Lino Ferreira, Silva Ta­vares e Lapa Lauer e musicada por Filipe Duarte, que subiu à cena no Teatro Apolo em 1926.
Nota:Desconhece-se a existência de alguma foto da Cesária, a imagem em cima, representa uma mulher fadista do século XIX

Na opereta "Mouraria", a Cesária  foi recordada:

Fado da Cesária


Tanto a desgraça me alcança
que já me sinto cansada,
da vida que não se cansa
de me tornar desgraçada.


                                              E como o Fado alivia
                                              as mágoas que a gente sente,
                                              eu minto à minha agonia,
                                              noite e dia,
                                              cantando constantemente.


Refrão


Foi um beijo venenoso,
demorado,
langoroso,
que perversa me tornou.
E eu faço o que me fizeram,
pois ninguém foge ao seu fado;
— Foi a mentir que mo deram,
 é a mentir que eu os dou...


                                             Aquele a quem dei a vida
                                             e o que eu tinha de mais meu,
                                             hoje chama-me perdida
                                             mas não diz quem me perdeu.


É por isso que no Fado
a minha alma se desgarra,
pois esqueço o meu passado,
torturado, 
quando chora uma guitarra.

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NelitOlivas

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