terça-feira, 15 de abril de 2014

Amália Rodrigues - Fadista criada em Alcântara


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Amália Rodrigues :
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Hoje em dia não é possível falar de fado sem se falar de Amália Rodrigues.
Artista com multifacetado talento e cultura, transforma o fado, emprestando a sua voz a todos os poetas, desde o mais popular ao mais erudito.
O papel de transformação do fado está também ligado ao repertório reunido. Amália buscava os poetas e os poetas buscavam Amália, o que significou de alguma forma uma nova revolução.
Sem nunca abandonar definitivamente o carácter popular, Amália surpreendeu ao cantar poesia de Luís de Camões, Pedro Homem de Mello, David Mourão-Ferreira, Alexandre O´Neill, Alberto Janes, Álvaro Duarte Simões e outros.
Contudo a fase dos poetas só tomou contornos verdadeiramente revolucionários quando se juntou a revolta musical, que aconteceu através de Alain Oulman. Responsável por mais de 60 temas de Amália, conseguiu com a sua criatividade e génio, a simbiose perfeita entre poesia e fado, proporcionando que qualquer poema fosse passível de ser musicado.
Torna-se assim, a 1ª fadista a assegurar espectáculos completos, ao contrário do que é habitual, que é um fadista cantar 2 ou 3 fados e ceder lugar a outro. Desta forma, Amália cria um processo de clímax-anti-clímax ao longo das suas actuações ao vivo.
A versatilidade de Amália leva-a a cantar não só o fado mas também o folclore, o flamenco, o tango, ranchera mexicana, música francesa, italiana ou americana.
Amália é a grande diva do fado, a grande lenda. Amália reinventou o fado e reinventou-se, ao longo de sucessivas revoluções. Juntou os aplausos do povo e da aristocracia, da ditadura e da oposição radical.

História de Vida
Nascida em 1920, filha de beirões, vem para Lisboa para ALCÂNTARA aos 14 meses onde fica a cargo dos avós maternos. Aos 14 anos vai viver com os pais que regressaram a Lisboa e aos 15 anos vai vender fruta com a mãe e a irmã para o Cais da Rocha em Alcântara.


É nesta altura que é notada pela sua voz, o que a leva a ser escolhida para solista da marcha de ALCÂNTARA, estreando-se nas ruas de Lisboa em 1936. Durante os ensaios para o Concurso da Primavera, organizado para descobrir uma nova cantadeira, Amália  é recomendada a Jorge Soriano, director da casa de fados mais famosa da época – o Retiro da Severa. A audição é um sucesso mas Amália não aceita o convite para cantar porque a sua família não o vê com bons olhos.

 Só em 1939 se estreia no Retiro da Severa onde obtém muito êxito, tornando-se procurada por todas as casas de fado.



Amália torna-se rapidamente o nome mais famoso de todos os ídolos do fado e em poucos meses atinge uma popularidade estrondosa, o que a leva a ser convidada para o teatro, onde se estreia em 1940 como a atracção da revista “Ora vai tu” no Teatro Maria Vitória. Dois anos mais tarde participa na peça "Essa é que é Essa" e em 1944 participa nas operetas "A Rosa Cantadeira" (a par com Hermínia Silva) e "Mouraria" em 1946.


Amália inicia a sua carreira cinematográfica com o filme Capas Negras, que bate os recordes de bilheteira e que muito contribui para o seu aumento de popularidade, e é protagonista do filme "Fado - A História de uma Cantadeira"


Amália estreia-se no estrangeiro em 1943 com um concerto em Madrid e en 1944 viaja para o Brasil onde fica por 3 meses. O sucesso obtido é tal que se vai embora com a promessa de regressar, o que acontece em 1945 onde passa 10 meses.



Em 1950 protagoniza uma série de concertos para assinalar o Plano Marshall em capitais europeias como Paris, Berlim, Dublien e Berna.  Percorreu quase todo o mundo a cantar tendo passado por locais tão diferentes como México, Líbano, Roménia, Itália, Israel, África do Sul e URSS (em 1969).

Amália faleceu em 1999.
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(Material retirado da Net, para publicação na página Facebook da Universidade Alcântara Sénior, ao abrigo do Artº 75 do Código do Direito do Autor).
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NelitOlivas

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