sábado, 26 de outubro de 2013

Diário de Bordo - Cruzeiro Lx./Amesterdão/Lx. - XXXIV

.
Apreciação do Serviço :
.
O pessoal dos camarotes é eficiente e simpático, os professores de dança são óptimos bailarinos, as Excursões(ª) são bem organizadas, e os Espectáculos são de qualidade (nalguns casos, até mal-empregados, para certa burgessada* que frequenta este tipo de cruzeiros (b) que, não sabendo comportar-se  - no Teatro, e não só -  incomoda os restantes passageiros),  mas...
.
- A Equipa-de-animação (com muita improvisação) e os artistas dos Bares (excepção feita ao Pianista e à Violinista), pareceram-nos amadores.
- Nas TVs., apenas existe um canal português (RTP Internacional) e, os filmes, são constantemente repetidos.
- Os fotógrafos de bordo mais parecem paparazzis, tentando  fotografar em todas as situações (1 foto gr.= 20€).
- No Cyber-Café a internet é cara (consumo mínimo = 3€50), e bastante demorada. Por duas vezes a máquina do login não nos devolveu o cartão e, enquanto ninguém se dignou ir lá retira-lo (nunca estava ninguém no balcão do Cyber, a quem se apresentasse directamente a reclamação), o tempo continuou a facturar. Existem zonas WI-Fi mas, ali, os pacotes de internet (60 min. = 12€) ainda se "evaporam" mais rapidamente.
- Os artigos das Lojas são quase exclusivamente de marcas de luxo, não existindo nenhuma de utilidades ; se um passageiro se esquece de levar um dentífrico, uma gilette, um pente, ou necessitar de comprar umas pilhas, uma esferográfica, um isqueiro, etc., tem que esperar que o barco atraque para adquiri-los em terra.
- As bebidas alcoólicas, quer as compradas em terra, quer nas próprias lojas do Navio, são confiscadas e só devolvidas aquando do desembarque; tudo, para obrigar a consumi-las, aos preços-malucos dos Bares-de-bordo (Bem fiz eu, que levei o meu xiripiti num frasco elixir-oral  pois, como já dizia o Dr. Almeida Henriques , não há remédio melhor que aquele !)
.
Alimentação :
- Nos Restaurantes o serviço é bastante demorado e a culinária demasiadamente elaborada (para nosso gosto); Não há Ementas em português, os empregados não sabem explica-las, e não existem pratos- demonstrativos. Os assentos são muito acanhados (muitas pessoas em cada mesa). O 1º turno dos jantares é às 18 h (à hora do lanche), e o 2º às 20h30 (Se o serviço fosse mais expedito, podiam fazer o 1º às 19 h., e o 2º às 21 h.).
- No Self-service a comida passou de demasiadamente sensaborona, para demasiadamente apaladada (o que nos provocou uma sensação constante de secura - talvez para estimular o consumo de bebidas); por outro lado, algo nos desregulou os intestinos e houve mesmo pessoas que se sentiram indispostas.
Sentiu-se falta de uma bancada de grelhados; apenas existiam balcões de pizzas, de sandes ou de fast-food (tudo muito pouco saudável); e com a agravante de localizarem-se ao ar-livre pelo que, com mau tempo, eram pouco apetecíveis.
As bebidas demoram muito tempo a ser servidas (deviam existir umas máquinas dispensadoras); As "louças" são de plástico, e as mesas não têm toalhas ou toalhetes (pelos vistos não existe uma ASAE italiana)...
- Tudo o que não conste das Ementas é bem pago: Lambreta (2€90); Imperial (4€90); Sprite (2€70); Café (1€30) Descafeinado (1€50); Agua 1l. (2€50); Taça de gelado (5€50); Piña Colada (6€50)...Estes preços ainda são inflacionados por uma taxa-de-serviço de 15% .
Existem pacotes pré-comprados, que aligeiram um pouco os preços de algumas destas bebidas : "Allegro" - 14 Imperiais, ou 4 garrafas vinho + 7 aguas de litro = 69€; 24 cafés expresso = 26€45.
.
(Des)organização :
.
- Emitem constantes comunicados a promoverem os produtos/serviços de bordo; Aquando dos simulacros-de-emergência, os apitos são transmitidos para dentro das cabines, mesmo das que já os fizeram (b) - podendo provocar situações de pânico; porém, quando existem comunicações importantes (alterações de horários, de rota, etc.), só são transmitidas nos corredores.
- Em Amesterdão todas as excursões regressaram a bordo ao mesmo tempo e a partir de um local bastante movimentado (atravessado por uma ciclovia); Aconteceu que um dos autocarros partiu sem todos os ocupantes e, no nosso (que foi o ultimo a sair), tiveram que ir varias pessoas sentadas no chão. Chegados ao navio, uma vez que os Restaurantes já tinham fechado, todos tiveram que dirigir-se ao Self-service, onde não existia comida suficiente: Sabendo que ainda estavam varias dezenas de pessoas a chegar, em vez de reforçarem a oferta, os empregados estavam mais empenhados em retirarem os tabuleiros com a pouca comida ainda disponível.
- A partida da Holanda foi antecipada e, no porto de St. Peter, não chegámos a parar: apesar de o vento ter amainado e de estar um belo dia de sol, foi-nos dada a justificação de que as condições-meteorológicas não permitiam a descida dos escaleres. Com tantos portos-seguros que existem na zona (Antuérpia, Rouen, Brest, etc.), deveriam ter uma alternativa para quando não pudessem aportar a St. Peter (pois, nesta época do ano, as condições-atmosféricas tendem naturalmente a agravar-se).
.
Se um dia de navegação já é uma grande "seca" (principalmente com mau tempo, em que não autorizam a saída para o exterior dos decks  - e quase 2.200 passageiros ficam confinados ao espaço das Lojas, dos Bares, da Net, do Casino, das Fotografias, das Vendilhices ou das Bingo.rices) pior ainda, são quase dois dias seguidos (das 16 h. de dia 15, às 9h30 de dia 17) !
.
(ª) - O preço das Excursões oscila entre os 26 e os 100€ (conforme os destinos); mas existe o Pacote "Explorer" de 3 excursões pré-definidas, que fica por 109€; Estas partem demasiadamente tarde ocasionando que se regresse fora-de-horas para o almoço.
.
(b) - Este navio não funciona como os Cruzeiros-tradicionais (em que todos os passageiros entram e saem no mesmo porto) mas, antes, como um autocarro, que vai metendo e despejando passageiros, em cada escala que faz (e, em cada fornada, repetem-se os exercícios-de-salvamento, a demonstração das excursões, a noite-de-gala(c), o arrastar e desfazer de malas até altas horas da madrugada, etc. etc.)
Nos Portos onde entram mais passageiros que os que saem (e a lotação fica esgotada), tudo passa a funcionar ainda pior : os elevadores andam lotados e não param, os espaços-públicos ficam ainda mais congestionados, formam-se filas no Self-service (e para libertarem mais rapidamente as mesas, os empregados retiram as louças, antes mesmo de acabarmos de comer...), etc. etc.
.
(c) - As noites de gala nada têm de especial (apenas, na do Comandante, dá para tirar uma foto com o dito-cujo, e é feita a apresentação dos Oficiais - mas, apesar de lhe chamarem Cocktail, não existe qualquer bebida para fazermos um brinde com eles). As outras, são apenas um pretexto para as "Gali.náceas"  (mas, com caminhar de "patas-chocas"), sacudirem a naftalina dos seus vestidos dos casórios, e desfilarem todas enGala.nadas (mais parecendo avestruzes, num baile-de-máscaras).
.
(*) - Obviamente que não estou a referir-me a ninguém do nosso Grupo, que até foi um exemplo de Civismo, mesmo para muitos passageiros estrangeiros.
.
Quanto ao G.D.S.T. repito aqui a apreciação que fiz, no ano passado, aos "Picos da Europa" : Os Bancários (que, felizmente, continuam a ter um poder-de-compra, um pouco acima da media), não precisam ser encaminhados para estes passeios marca "raskoff" ; Decerto que muitos dos participantes prefeririam pagar um pouco mais, mas participarem num Cruzeiro-a-sério (mesmo que mais pequeno, e de preferência com "tudo-incluído" - para que não se sintam explorados a cada momento), e não num navio tipo comboio-dos-torresmos (com embarques e desembarques, em todas as Estações e Apeadeiros).
Em nenhuma ocasião (e estivemos na apresentação das Excursões) fomos esclarecidos que, este Cruzeiro, funcionava nestes moldes.
Só no final, viemos a descobrir que ia um representante do GDST a bordo pois (salvo a honrosa excepção do Agente-de-Viagens - apesar do staff do navio não ter com ele colaborado), nunca ninguém apareceu a oferecer-se para ajudar na solução dos problemas que iam surgindo.
.
Resumindo e Concluindo :
.
Estes Cruzeiros (tipo low-cost - apenas no preço-inicial) nada têm a ver com o charme dos Cruzeiros "à moda antiga" : (ninguém nos guia até à nossa cabine e faz a demonstração do seu funcionamento, não há Cocktail de recepção, jantar com o Comandante, ou Ceias da meia-noite - agora, quem quiser, que vá cear à Cantina). E é muito triste constatarmos que, a actual lógica do Lucro-a-qualquer-custo está a destruir, no espaço de uma Geração, toda uma Civilização que demorou Séculos a consolidar-se.
Mas até aceito que, Pessoas que nunca tenham participado noutro tipo de Cruzeiros, fiquem satisfeitas com estes; só que, para quem conheceu melhores tempos...
.
.
Picareta Escribante

Sem comentários:

Enviar um comentário