terça-feira, 11 de março de 2014

Cultivos

.
Numa altura em que não há dinheiro para nada (encerram-se Postos de Saúde, Escolas, Tribunais, Repartições - só não se fecham Cemitérios), muitas Autarquias continuam a esbanjar dinheiros públicos em passeatas e festarolas, com pouco ou nenhum cariz Cultural.
.
Todos os verdadeiros Responsáveis, constatam que a grande maioria do Povo-português, continua bastante embrutecida, desactualizada ou inculta; Mas tudo o que lhe é oferecido, seja pelos poderes Autárquicos seja pelos Media, são programas que nada têm a ver com uma evolução-de-mentalidades.
.
Claro está que as Iniciativas popularuchas têm sempre forte adesão pois, para tal, basta serem "à borliu" : com a cada vez mais crescente falta de meios para acederem a outro tipo de espectáculos/passeios ou, até, para se alimentarem, qualquer tipo de diversão (que, ainda por cima, inclua comes-e-bebes) é sempre bem-vinda (e para os Organizadores, acaba por render bons dividendos).
.
Lembro-me, por exemplo, de uma passeata em que fomos de Lisboa até ao Baixo-Alentejo para um almoço de pata-negra e, apesar de estarmos a algumas centenas de metros de Moura ou a poucos quilómetros do Alqueva, o autocarro permaneceu estacionado durante toda a tarde à porta do restaurante pois, em vez de uma visita-guiada àqueles locais de interesse Cultural/Turístico, tudo o que nos foi proporcionado foi um bailarico-saloio, e mais comes & bebes.
.
Num outro passeio, fomos até Vila Real de Stº António, para embarcarmos num cruzeiro pelo Guadiana e, depois da almoçarada servida a bordo e de uma curta visita a Alcoutim, tudo o que havia para fazer era mirar as mesmas paisagens no regresso, ao som de música p´ra bailarico; Quando, se o autocarro que ficou à nossa espera em Vila Real para nos trazer pelo mesmo caminho, nos tivesse ido a apanhar a Alcoutim, podíamos ter vindo a visitar as Minas de S. Domingos, Mértola, Serpa, Beja, etc.
.
Só que não é com Eventos tipo folclores/fadunchos/morfes, ou passeatas/comes & bebes +bailarico+ comer & boída, que as populações conseguem "desemburrar".
.
E cai-se num ciclo-vicioso, em que o Povo não adere a verdadeiros Eventos-culturais por achá-los fastidiosos  mas, enquanto não se promover a Cultura de forma acessível às populações, tal continuará sempre a suceder e a ser desculpa para os Responsáveis não os realizarem.
.
No entanto, a verdadeira-Cultura também pode se apresentada de uma forma acessível (e, porque não, divertida), até às populações mais incultas.
Os grandes Comunicadores (como Carl Sagan, David Attenborough, Leonard Bernestein, etc.) eram assim considerados, porque conseguiam versar os assuntos mais complexos, através de uma linguagem compreensível a todos.
O que falta aos actuais Intelectuais é a humildade de descerem dos seus pedestais até ao Povo, em vez de se refugiarem em chavões e termos-técnicos (só para mostrarem que lhes tiveram acesso), tornando as suas intervenções inacessíveis, e marginalizando os "comuns-mortais", que retaliam votando-as ao desprezo.
.
Não basta, por exemplo, encherem-se Bibliotecas de livros, que acabam por nunca serem folheados; É necessário dar a conhecer as Obras às pessoas, quer através de Autores falando (numa linguagem comum) do seu mister, ou de Declamadores recitando excertos destas.

É, pois possível (e desejável) envolverem-se as populações em Projectos muito mais úteis à Sociedade (incluindo a elas próprias), desde que se leve a Cultura até elas, e não se fique à espera que estas venham procura-la sem que sejam, para tal, motivadas (com o tal lanchinho da ordem).
.
.
NelitOlivas

Sem comentários:

Enviar um comentário