domingo, 27 de novembro de 2011

Chefias diretas

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- Vamos à Secção de Papelaria de um conhecido Hipermercado, estão 3 funcionárias atrás do balcão, mas apenas uma atende todos os Clientes; as outras duas, enquanto fingem que conferem as revistas, vão conversando uma com a outra; entretanto está formada uma longa fila para registar Jogos, mas, a que "está de serviço," é que atende sozinha jornais, tabacos, revistas, jogos, etc., porque nenhuma das outras (e uma delas parece ser a Chefe) se agarra à máquina das jogatanas, enquanto a outra atende outros assuntos mais complicados.

- Vamos a uma Secretaria de uma Junta de Freguesia e ninguém está disponível para atender os Utentes : umas estão a receber mails privados, outros a jogar paciências no computador, outras estão agarradas ao telefone em longas conversas particulares. E quando alguém questiona se não há ninguém para o Atendimento, respondem com maus-modos que estão muito ocupados.

- As repositoras dos Supermercados, ora colocam os produtos num lado, ora noutro completamente diferente (sem se preocuparem em colocar um Aviso, de que o artigo se encontra noutra secção) nem, sequer, mudarem as etiquetas dos preços (levando os Clientes ao engano).

- Num conhecido hospital-privado de Lisboa, as meninas que se encontram no Atendimento-principal, esquecem-se sempre de um documento qualquer (e depois andam à nossa procura para o assinarmos), entregam metade dos exames e ficam com outra metade, esquecem-se de mencionar as preparações para os exames; e, passam a vida a chamar senhas que não existem, em vez daquelas que têm dúzias de Doentes à espera de serem atendidos. Nos exames em que é necessário levar a bexiga cheia, os atrasos são tão grandes que as pessoas acabam por ter que despejá-la e desistirem de faze-los.

Que os Funcionários assim procedam já não admira pois, hoje em dia, são raros os empregados que trabalham com gosto pela profissão (preferindo arranjar todas as desculpas para fazerem o mínimo possível); e, mesmo o pouco que fazem, é sempre um frete - executado sem qualquer brio-profissional.(Eu, enquanto fui funcionário, nunca precisei que nenhum Chefe me mandasse trabalhar, e até excedia as minhas funções).

Mas, dantes, existiam as Chefias-intermédias que se encarregavam de chamar-a-atenção dos menos empenhados, de manter a disciplina e zelar pelo bom atendimento dos Clientes/Utentes, etc. (Eu, enquanto fui Chefe, nunca tive problemas em trabalhar ao lado dos subordinados, quando o serviço apertava, até para mostrar-lhes como se fazia e dar-lhes o exemplo, pela positiva). Agora, as Chefias-diretas demitiram-se da sua responsabilidade de...Chefiar: confraternizam com os funcionários nas rebaldarias, se os funcionários roubam 10 eles gamam 100, e só lhes dão exemplos pela negativa.

De que adianta terem Doutores, nas Chefias-Superiores, a obrarem Ordens-de-Serviço a toda a hora, se não existe - no terreno - quem as faça cumprir ou zele pela sua correcta aplicação ?

O mesmo se passa a nível dos Governos : têm montes de Assessores a Legislarem tudo e mais alguma coisa; mas esquecem-se que não há condições para a execução e zelo da execução, na prática, de tanta Legislação.

O grande problema da nossa Sociedade é que, quem manda, pouco percebe da Prática; e, quem executa, pouco ou nada entende de Teoria.
Enquanto não for feito um esforço para aproximar estas duas vertentes, não há Disciplina que resista.

A ideia de que, as Pessoas, conseguem produzir algo em auto-gestão, é pateticamente utópica : Sempre existiram Chefes (pessoas com maior capacidade de Liderança e Autoridade) e, sem elas, tudo se desmorona. Mas, as Democracias-Liberais, com a sua excessiva permissividade, têm minado o Respeito : pelos Idosos, pelos Professores, pelos Pais, pelas Autoridades, pelos mais altos Magistrados da Nação; etc. etc.

Não admira, pois, que tenhamos chegado a este alarmante grau de Bandalheira !
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Picareta Escribante

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