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Perguntamo-nos, muitas vezes, o que fez com que -apenas um punhado de
Pessoas- se tenha distinguido (da Lei-da-Morte libertado), dos milhões que, até
aqui, têm constituído a Humanidade :
Porque é que, no Canto-lírico, nos acorrem logo uma Todi, um Caruso, uma
Callas, um Pavarotti...; na Literatura, um Tolstói, um Shakespeare, um
Cervantes, um Camões...; no Bailado, um Nureyev, uma Fontaine, um Béjart, uma
Pavlova...; na pintura, um Miguel Angelo, um Velasquez, um Cezanne, um Van Gogh;
na composição, um Tchaikovsky, um Vivaldi, um Beethoven, um Mozart...; na
Realização, um Ford, um Fellini, um Hitchcock, um Chaplin...; na Canção, uma
Piaf, uma Elis, uma Cesária, uma Amália...; no Futebol, um Robson, um Maradona,
um Pélé, um Eusébio; Etc. etc. etc. ?
Mas, não só no Campo-Artístico : mesmo nas mais modestas
profissões/actividades, há sempre quem consiga desempenhá-las com maior
brilhantismo, distinguindo-se de todos os restantes participantes.
Na minha modesta opinião, tal deve-se a uma conjugação de vários factores
:
- Praticá-lo com gosto, brio e profissionalismo (Quem corre por gosto, não
cansa) : fazer, seja o que for, de má vontade, sem vocação, ou satisfação, custa
o dobro, transforma-se num frete, e acaba por sair sempre mal.
- Praticá-lo com dedicação : pensando mais na alegria ou consolação que pode
proporcionar-se aos outros, do que a si próprio.
- Praticá-lo com...Alma : colocar na sua execução toda uma força-interior, em
vez de limitar-se a cumprir o programa (ou, como se diz na gíria, "a encher
chouriços"). Basta atentarmos nos exemplos dos Vultos que acima mencionei, para
verificarmos que, naquilo que faziam, colocavam sempre tudo o que tinham dentro
de si, numa entrega total.
Na realidade, a grande maioria das pessoas, embora disponha de todos os
recursos que fez distinguir aquelas Personalidades (que, em muitos casos já nos
abandonaram há Séculos, mas continuam a deixar saudades), por uma questão de
preguiça física ou mental, nunca consegue passar além da mediania. Passam pela
Vida sem conseguirem desfrutar-se dela na sua plenitude, porque "andam cá,
apenas, para verem andar os outros":
- Em vez de encararem, por exemplo, o acto de cozinhar como uma obrigação,
porque não experimentam desenvolve-la com...Criatividade ?
- Em vez de pensarem nas limpezas como um sacrifício, porque não tentam
faze-las...dançando ?
- Em vez de partirem para os seus empregos, como para um
campo-de-concentração (apenas para cumprirem-horários, e receberem o salário no
fim-do-mês), porque não experimentam realizarem-se profissionalmente, inovarem,
sugerirem melhores formas de realizarem as suas tarefas, etc. etc. ?
(Hoje-em-dia, usa-se muito diabolizar as 2ªs Feiras, e exultar pelas 6ªs
Feiras, como se o Trabalho fosse uma anátema, e só nos pudéssemos divertir nas
suas folgas).
Se colocarmos, nem que seja, apenas um pouco da nossa Alma em cada actividade
de todos os dias, verificaremos que estes se passarão sem grandes
contratempos.
Maior parte dos grandes-Artistas não consegue alcançar muita longevidade
porque (ao contrário dos calhaus-empedernidos, que não se perturbam com nada),
são pessoas sensíveis, que se emocionam, que se revoltam contra as injustiças,
que vivem a Vida com grande intensidade e, portanto, se desgastam mais
rapidamente. Mas, de que serve ultrapassar os 100 anos, se nem soubermos porque
cá andamos ?!
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Picareta Escribante
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